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quarta-feira, 9 de julho de 2014

A culpa é das estrelas': especialistas esclarecem dúvidas sobre câncer de tireoide

A história de Hazel e Gus comoveu o público no filme "A culpa é das estrelas", baseado no livro de John Green. No romance, a jovem está com câncer terminal de tireoide e metástase nos pulmões, e conhece Augustus em um grupo de apoio. O adolescente lhe ensina novamente a viver com alegria e os dois protagonizam uma linda história de amor, apesar da doença.

Espera-se que o Brasil tenha 1.150 novos casos de câncer de tireoide para o sexo masculino, e 8.050 para as mulheres somente em 2014. Este tipo de câncer é considerado raro, representando entre 2% e 5% do total de casos da doença em mulheres, e menos de 2% em homens.
Para saber mais sobre o câncer de tireóide, o SRZD conversou com a oncologista Daniele Ferreira, da Oncoclínica, que esclareceu sobre prevenção, causas, sinais e a incidência da doença nas mulheres.
Segundo a especialista, não há nenhum tipo de prevenção para o câncer de tireoide, e os maiores fatores de risco são: ter realizado radioterapia na área do pescoço e ter deficiência de iodo na dieta, "o que não vemos mais hoje pela adição de iodo no sal há varias décadas". A médica ressaltou que existe um tipo de tumor raro de tireoide que pode ser hereditário, e afirmou que não há fatores que expliquem o motivo deste tipo de câncer atingir mais as mulheres. "Não se sabe o porquê disso, mas é real".
"Diagnosticamos um nódulo suspeito na fase inicial e curável da doença quando realizamos ultrassom de pescoço, ainda sem notar nenhuma alteração ao exame físico. O sinal de uma doença mais avançada se dá através de linfonodos ou ínguas no pescoço. Em tipos mais agressivos de tumor, pode aparecer uma massa de crescimento rápido na região da tireoide", explicou Daniele sobre o diagnóstico. Ainda de acordo com a oncologista, não há um auto-exame que a população possa realizar para descobrir o tumor, como no caso do câncer de mama.
Psicóloga destaca o 'acolhimento' da família e amigos
SRZD também conversou com Rovena Lopes Paranhos, psicóloga, mestre em Psicologia Social e professora da Faculdade Arthur Sá Earp Neto. A especialista falou sobre a importância do apoio da família, mudança de comportamento do paciente ao descobrir a doença e como evitar a depressão com o diagnóstico. Leia abaixo.
SRZD: O que pode ajudar o paciente com câncer de tireoide a não entrar em depressão por conta da doença?
Dra. Rovena: Particularmente, creio que a abordagem mais sensata e, portanto, a que oferece um caminho mais efetivo e verdadeiro de ajuda a pacientes portadores de doenças graves não seja a da evitação ou esquiva em relação a sentimentos que são inevitáveis nesses casos. E a depressão é um dos inevitáveis sentimentos que acometem doentes graves. Não acredito que seja possível impedir sua manifestação, mas acredito que seja necessário entender seu sentido, vivenciar sua expressão e, a partir de então, ser capaz de paulatinamente transformá-la em sentimentos mais elevados e positivos. Isso porque sentimentos que se evitam tendem a ficar represados e, por não serem vivenciados, acabam assumindo uma carga afetiva por demais intensa e destruidora. Nesse sentido, estar com o doente, acolhendo-o, acompanhando-o, amparando-o e junto com ele descobrindo possibilidades mais positivas talvez seja uma abordagem mais efetiva de ajuda.
SRZD: Como os familiares e amigos podem apoiar?
Dra. Rovena: A atitude que considero mais elementar e essencial é a do acolhimento. E acolher significa aceitar, dar ouvidos, dar crédito a, agasalhar, receber, atender, estar com o outro plenamente em todos os seus sentimentos e necessidades. Essa atitude de acolhimento devolve ao acolhido todo o apoio, a confiança e a segurança que a doença lhe subtrai. Assim, uma vez verdadeiramente acolhida, a pessoa passa a ter melhores condições de buscar novos motivos e sentidos para sua vida; sentidos esses que talvez tenha perdido, esquecido, abandonado ao longo de sua trajetória pessoal. Viktor Frankel, psiquiatra austríaco que sobreviveu a Auschwitz, ensinou-nos que "[...] quem tem um porque na vida, enfrenta qualquer como". Ajudar esse doente a redescobrir seus porquês perdidos é ajudá-lo a retomar sua própria vida.
SRZD: Que tipo de comportamento a maioria dos pacientes com a doença passam a ter quando a descobrem?
Dra. RovenaElisabeth Kübler-Ross, psiquiatra suíça, aponta cinco estágios pelos quais passa o um doente grave desde que tem conhecimento do diagnóstico: primeiro há a negação da doença; em seguida a raiva e a revolta; depois vem o estágio da barganha, quando se tenta adiar um desfecho inadiável; segue-se a depressão e, por último, há a aceitação. Cabe destacar que cada pessoa, por singular que é, vivencia seu sofrimento de modo particular, com manifestações comportamentais que são só suas. Assim, embora as evidências científicas ofereçam uma orientação acerca dos comportamentos possíveis e esperados, há que se ter em conta que cada pessoa viverá seu sofrimento a seu modo: medo, raiva, ansiedade, angústia são vivências muito particulares e, como tais, impossíveis de serem alcançadas em toda sua plenitude por outrem, mas que precisam ser respeitadas.
A psicóloga fez questão de encerrar a entrevista com um ensinamento do psiquiatra austríaco Viktor
Frankel, que serve de lição para os portadores da doença: "Quando a circunstância é boa, devemos desfrutá-la; quando não é favorável devemos transformá-la, e quando não pode ser transformada, devemos transformar a nós mesmos".

Fonte: http://www.sidneyrezende.com/

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